Quinta-feira, 10 de Novembro de 2011

Couto de Tibães

C O U T O S “Couto”: terra coutada, defesa, privilegiada; terra que não pagava impostos por pertencer a um nobre ou instituição. C O U T O D E T I B Ã E S Uma resenha Baseando-me na Corografia Portuguesa, de António Carvalho da Costa, editada em 1701, vou transcrever a resenha que este faz sobre o Couto de Tibães. Assim principia pelas suas recuadas origens nos primeiros séculos do cristianismo, instalado nesta parte da Ibéria e até ao início do século XVIII. “No tempo, que Braga era Corte dos Reis Suevos, e reinava Teodomiro, tendo por seu Capelão-Mor a São Martinho, Bispo de Dume, o incitou o Santo a que fundasse Mosteiro de Tibães de Monges Bentos, três quartos de légua da cidade de Braga para o poente ao pé da serra de S. Gens, nome que tomou de uma ermida antiga, que está no alto dela, da invocação deste Santo Representante, famoso Mártir Romano e entendemos ser edificada quando aquela nação nos dominava: fundou El-rei o Convento no ano de 562, como consta de uma pedra que nele se achou em nossos tempos, reedificando-se de novo e o dedicou a S. Martinho de Turon. Sucedeu a Teodomiro na Monarquia dos Suevos El-rei Miro, que ornou este Convento com uma grande mata de árvores que não perdiam a folha e para este efeito as conduziu do Alentejo. Presume-se eram sobreiros de que hoje é bem provida toda aquela ribeira, de uma e outra parte do Cávado. E que este Mosteiro estivesse em ser e com Frades ainda pelos anos de 1070 e tantos, consta de uma doação que de ametade dele fez a Sé de Tui a Infanta Dona Urraca, filha de El-rei Dom Afonso o VI chamando a este Convento Palatino e como por tempos devia arruinar-se, o reedificou pelos anos de 1080. Dom Paio Guterres da Silva, sendo Rico homem e Adiantado deste Reino por El-rei Dom Afonso VI de Castela, por cuja causa entendemos vivia em Braga, centro desta Província, e por detrás do Monte de S. Gens fez uma quinta, a que deu o nome de Silva Má, donde ia assistir à fábrica do Mosteiro e em forma o ampliou, que muitos o tiveram por fundador e nele está sepultado. E que como o sangue o herdou o zelo do pai seu filho Dom Pedro Pais Escacha, devia largar ao Mosteiro algumas terras que ai tinha, de que lhe fizeram Couto Conde Dom Henrique e a Rainha Dona Teresa em 24 de Março de 1110, dizendo que o faziam por amor de Deus e de Pedro Pais e Paio Pais, filhos de Dom Paio Guterres da Silva, que sempre nos serviu com grande satisfação; e em 26 de Fevereiro de 1135, sendo ainda Infante o nosso Rei Dom Afonso Henriques, lhe coutou o lugar de Donim junto ao rio Ave, entre Braga e Guimarães. Teve este Mosteiro desde o ano de 1086, dezasseis ou dezassete Abades perpétuos, sendo o primeiro Dom Paio e o último Dom Gonçalo pelos anos de 1489, que entrou por Abade Comendatário o Cardeal Dom Jorge da Costa, Arcebispo de Braga. Acabaram-se estes no último Comendatário Dom Bernardo da Cruz, Frade de São Domingos, Bispo de São Tomé, e Esmoler-mor del-Rei Dom João o terceiro, que faleceu no dia de Páscoa de 1565, em que entrou a reforma de Abades e foi o primeiro por dez anos, por nomeação do Cardeal Dom Henrique, o Padre Frei Pedro de Chaves, a quem vieram as Bulas Apostólicas em 22 de Julho de 1569, sendo-o entretanto o Padre Frei Plácido. Foi Frei Pedro Dom Abade de Tibães, Reformador e Geral da Ordem de que fizeram Cabeça a este Convento. No fim de dez anos o tornaram a eleger por um triénio, e foi o primeiro Abade trienal; sucedeu-lhe Frei Plácido de Villalobos, o qual mandou frades para o Brasil que fundaram lá aquela Província de Bentos. Este é o principio deste couto e deste Convento de que são senhores os Frades e o Geral Ouvidor; faz o povo com ele eleição de três em três anos, por pelouro, de dois Juízes ordinários do Cível e Crime para cada ano; escolhe o Geral, um, que também serve nos Órfãos e Câmara, dois vereadores que demais são Almotaceis, Meirinho, que faz o Geral, dois Tabeliains do Judicial e Notas; a um anda anexo o dos Órfãos e Câmara e ao outro o das Sisas, Distribuidor, Enquerecedor e Contador¸ todos data de El-Rei. É terra fria, recolhe pouco pão, vinho, muita fruta, algum azeite, caça, muitos gados e quantidade de lenha e pescas no Cávado. Tem uma Companhia e o Geral é Capitão-mor; compõe-se o termo das Freguesias seguintes: S. Martinho de Tibães, Mosteiro e Cabeça da Ordem de São Bento em Portugal, de que é Geral o Abade desta casa; rende quatro mil e quinhentos cruzados com sabidos e anexas, apresenta Cura secular, tem trinta e cinco vizinhos. É formoso Templo com maravilhoso retábulo e o primeiro que na Província se inventou; tem grandes e aprazíveis claustros com muitas fontes, assim nos corredores altos como nos pátios baixos; dilatada cerca com bons pomares, olivais e matas; há neste Convento uma relíquia de São Bento e nele estão sepultados muitos varões de exemplar virtude. Nossa senhora da Graça, que antigamente se chamou a Igreja de Padim, Abadia da Mitra, rende com a Pousa sua anexa em Barcelos, duzentos e cinquenta mil reis, tem cento e vinte vizinhos. Santa Maria de Mire, Curado do Convento de Tibães, tem cento e vinte e cinco vizinhos. Aqui teve El-rei Teodomiro um Paço, e quinta de recreação, que deu o nome à freguesia. S. Paio de Parada, Vigairaria anexa a uma Conezia de Braga, rende trinta e cinco mil reis e para o Cónego oitenta mil reis, tem trinta vizinhos. S. Paio da Ponte, Vigairaria anexa a outra Conezia, renderá sessenta mil reis e para o Cónego cento e dez mil reis, tem cinquenta vizinhos. S. Pedro de Merelim, a quem o Livro da Ordem de Cristo chama Merim, foi Mosteiro de Frades Bentos e depois de extinguido, apresentação de Tibães a quam ainda conhece com certo foro; passou a Comenda de Cristo e é Reitoria da Mitra, rende cem mil reis, e para o Comendador mais de mil cruzados: tem cento e dez vizinhos. Obs: O relato acima diz respeito ao princípio do sec. XVIII (a partir de 1701, data do lº Tomo da Corografia Portuguesa, do Padre Carvalho da Costa). Quando se fez a segunda edição desta obra, foi coordenada segundo o Mapa Geral Estatístico das Côngruas, etc. relacionado com o ano económico de 1864/65. Nesta actualização, as freguesias do Couto, mereceram actualizações. Assim : A freguesia Nossa Senhora da Graça é indicada como PADIM DA GRAÇA, com orago Santo Adrião, com 166 fogos; Santa Maria de Mire é apontada como MIRE DE TIBÃES, com orago Santa Maria, com 145 fogo; São Paio de Parada, simplesmente PARADA, orago São Paio, com 55 fogos; São Paio da Ponte, e substituido o nome por MERELIM SÃO PAIO, orago São Paio. Tinha 232 fogos; Finalmente S. Pedro de Merelim aparece como MERELIM SÃO PEDRO, orago S. Pedro. O número de fogos desta freguesia era de 210. Braga, 12 de Fevereiro de 2011 LUÍS COSTA
publicado por Varziano às 16:31
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