Sábado, 4 de Fevereiro de 2012
HOMENAGEM A
MANUEL AGONIA FRASCO
No passado dia 3 de Dezembro, foi homenageada no Museu da Póvoa a memória do meu grande Amigo (AMIGO com letra grande, como ele o merece), Manuel Agonia Frasco que, durante talvez mais de cinquenta anos se manteve como director do centenário jornal poveiro “O Comércio da Póvoa de Varzim” , agora, infelizmente, arredado das bancas. Com pena e desgosto vejo assim desaparecer uma publicação que ao longo de CENTO E OITO ANOS se bateu pelo ideal manifestado do seu republicanismo, na defesa dos interesses da Póvoa e das suas gentes, sem distinção, fossem eles humildes pescadores e operários, ou pessoas de mais avantajadas posses.
Convidado por seus familiares eu, por uma dívida de gratidão, com Agonia Frasco logo pensei que na podia faltar, com a minha presença, nessa justificadíssima memória. Por acção e compreensão foi ele que me iniciou nas lides de pobres artiguelhos que há mas de quarenta anos espalho.
E assim, nesse frígido dia de Dezembro, marquei a minha presença no salão do museu, onde vários amigos de Manuel Agonia ou dos seus familiares, e entre outros, póveiros e não só, certamente quiseram aliar-se a prestar a sua homenagem a UM HOMEM BOM, da Póvoa do Mar.
Como de costume, sempre fujo a destaques, sentei-me juntamente com o meu irmão Neca Morim numa cadeira bem atrás. Com espanto vejo o meu amigo Dr. Manuel Costa, que ao vir-me cumprimentar manifestou o seu espanto por estar a ocupar um lugar quase escondido, pois tinha um lugar reservado na frente, dado que eu teria que, durante cinco minutos, falar sobre as minhas relações com Agonia Frasco. Dado a minha estranheza informou-me que a Senhora Dona Emília Nóvoa Faria Frasco lhe tinha dito QUE EU IRIA TER UMA INTERVENÇÃO. Apanhado de surpresa lá me dirigi para o lugar e a cogitar como me deveria desenrascar.
Enquanto os dois oradores, que me antecederam iam proferindo a sua admirável lição eu, magicando, lá consegui nos resquícios da minha memória ordenar algum facto que tivesse escondido no meu já bastante desgastado cérebro.
No entanto, quando me vi perante a situação (Dona Emília, pensava que falaria do meu lugar sentado e em frente do microfone), resolvi num impulso que não sei onde o fui buscar, o fizesse de pé, olhos nos olhos da digníssima assistência e não escondido por detrás de uma quase cabine como num estúdio de rádio, ao memo tempo que improvisei, numa espécie de conversa, o relato de um assunto que, em tempos já distantes, tinha tido com o Amigo Agonia.
Ao ler “ O Comércio “ que todas as semanas digeria com inusitado interesse lembrei-me que na crónica seguinte poderia acusar uma coisa que andava esquecida pelas gentes mandatárias da Póvoa. Um jornal com o prestígio e história, como “ O Comércio “ não estava distinguido na Toponímia Poveira, assunto que então em artigo debati. Dias depois, Agonia Frasco, jubilosamente telefona-me diz . SABES QUE A CAMARA ACOLHEU A TUA SUGESTÃO. Temos de combinar um dia para se ir ver o lugar que é na Mariadeira, e assim aconteceu, E “O Comercio da Póvoa de Varzim” para sempre ficará recordado na toponímia poveira, graças ao assentimento e compreensão camarário.
Passado um tempo notei que o nosso jornal, iria comemorar as SUAS BODAS DE DIAMANTE (é costume esta festa fazer-se comemorando a data de um casamento, e o “Comércio” também a tinha que lembrar já que em 3 de Dezembro, se pode dizer que festejava O CASAMENTO DE UMA IRREQUIETA JUVENTUDE DO PRINCÍPIO DO SEC.XX, com um novel jornal que passados 108 anos ainda era possuído do espírito que animou os seus fundadores). Foi o mote para o escrito dessa semana.
Nesse mesmo dia, Agonia, telefona-me para me agradecer e informar que durante o dia não tinha feito outra coisa SENÃO, PELO TELEFONE TER RECEBIDO FELICITAÇÕES. Mas não se ficou por aqui, algum tempo depois, retine o telefone :- ARRANJASTE COM EU AGORA SEJA COMENDADOR. O estado distinguiu “O Comércio”, tens que cá vir para veres o recebimento da Comenda.
Manuel Agonia Frasco, era de facto, na verdadeira acessão da palavra, UM HOMEM BOM. Prestável, amigo, sacrificado pelo bem dos outros, adorador da sua terra e das suas gentes, conselheiro, dedicado ás instituições poveiras como atestaram as bandeiras que figuravam na tribuna, enfim uma pessoa em quem se pode confiar e que a sua fugaz, mas rica passagem por esta vida ficará eternamente assinalada. É um bom homem aquele que passa pela terra praticando o bem aquele, que desculpem a expressão “não faz mal a uma mosca” mas que ao fechar os olhos em rumo a eternidade é logo esquecido não como O POVEIRO MANUEL AGONIA FRASCO, que enquanto o mundo for mundo JAMAIS SERÁ ESQUECIDO e por isso a ovação que recebi após a minha intervenção neste homenagem a dirigi a MANUEL AGONIA FRASCO.
Braga, 2 de Fevereiro de 2012
LUÍS COSTA
Obs. Dona Emília se não concordar com alguma coisa, corte à vontade e bem assim também se achar longo. Cumprimentos para a Senhora, ao amigo Manuel e restante família . L.C.