Quinta-feira, 28 de Outubro de 2010

Braga. reportagem de há 60 anos

BRAGA reportagem elaborada por volta de 1950 A Brochura editada por volta de 1950, pelos Serviços do então do Turismo em Portugal, relata uma reportagem, a qual passados 60 anos desde que foi realizada, não perdeu, nos dias de hoje, a sua oportunidade, ressalvando apenas o número da sua população. Portanto, não será descabido, sem a alterar, trazê-la aos nossos dias. Assim vamos copiá-la: “Braga, cidade do norte de Portugal, no términus caminho de ferro do Porto. População (1950), 32.624 habitantes. Braga, que, em importância, vem após Lisboa e Porto, é sede de Metrópole Eclesiástica. A sua Catedral do século XI-XII, foi em parte transformada durante o século XVI, no estilo nacional Manuelino. Tem outras igrejas dignas de referência: S. Frutuoso (nos subúrbios), século VII, exemplar do tipo bizantino, reconstruída na época moçarabe; Capela dos Coimbras, do século XVI, do estilo Manuelino, verdadeira museu de escultura; Misericórdia, de estilo Renascença, de bela fachada, com um pórtico lateral encimado por um formoso grupo escultórico; Santa Cruz, século XVII, de majestosa fachada; Hospital, século XVIII, igreja integrada no edifício hospitalar. É valioso o recheio da Biblioteca Pública e Arquivo Distrital, instalados em três palácios unidos – um medieval, outro Renascença e outro “rocaille” – que constituíam a residência dos Arcebispos, Senhores de Braga. Conserva-se ainda o monumento pré-romano denominado “A Fonte do Ídolo”, dedicado a uma divindade aquática nativa. Nos museus Dom Diogo de Sousa, da Sé e do Seminário de S.Tiago mostram-se restos de arte romana e bizantina, designadamente uma grande colecção de miliários das vias imperiais que partiam de Braga. Merece especial atenção o Tesouro da Catedral. As principais indústrias são: peças de automóveis, perfumaria, ourivesaria, tecelagem e chapelaria. Grandes festas se realizam em Junho, em honra a São João, célebres em todo o País pelo seu carácter folclórico. A comemoração da Semana Santa reveste brilho excepcional e é, liturgicamente, muito característica. Braga é centro de cultura muito importante. Tem uma Faculdade de Filosofia e vários Seminários, entre os quais um que é dos mais frequentados da Europa. Num monte sobranceiro ergue-se o Santuário do Bom Jesus do Monte, exemplar notável da arquitectura de jardins, do século XVIII. Perto, fica o Monte do Sameiro (2.535 pés de altura), onde está outro Santuário, dedicado à Virgem, que é o de maior devoção mariana no País, depois do de Fátima. Para Oeste, na mesma serra, fica a Falperra, com um convento e várias capelas e uma estação arqueológica com restos de uma Basílica do século V-VI. De todos esses lugares desfruta-se um magnífico horizonte. Braga é centro desportivo também, com um grande estádio, todo em granito da região, e no qual se conserva uma pedra vinda do Circus Maximus de Roma. HISTÓRIA – Braga é a “Bracara Augusta”, capital do Convento jurídico bracarense e da província Romana da “Gallaecia”, formada pelos Lusitanos que tomaram o nome de “Gallaeci” situados entre o Cantábrico e o Douro. Nos princípios do século V, foi conquistada pelos Suevos, que ali fundaram a capital do seu reino, que ocupou toda orla ocidental da Península Ibérica, - Portugal e Galiza. Foi, em tempo do rei Requiário, a corte do primeiro Reino Católico da Europa, graças à acção evangelizadora da Igreja Bracarense. Este Reino foi anexado ao Reino espanhol dos Visigodos em 585, conservando, porém, certa autonomia, como estado federado. Conquistada pelos Árabes nos começos do século VIII, Braga foi um dos primeiros focos de resistência aos invasores, com Pelaio, filho do Governador da Província e chefe da Reconquista cristã do Noroeste Ibérico. Desde 1093 a 1110 foi residência da Corte Portuguesa, onde o Conde Dom Henrique e a Rainha Dona Teresa tinham a sua morada. Depois, os Arcebispos de Braga possuíram jurisdição feudal até ao século XVIII. Os prelados bracarenses intitulam-se Primazes das Espanhas (Península Ibérica) pela antiguidade da sua Igreja e ainda por outros fundamentos: foi a única metrópole do primeiro Reino cristão astur-leonês, e foi a primeira sede metropolítica, das cinco províncias eclesiásticas existentes na Península antes da invasão árabe, a ser restaurada. Criou um rito próprio, a chamada Liturgia Bracarense, que ainda é o único válido na Arquidiocese primacial. Braga é a capital da Província do Minho” Eis como o repórter viu Braga, nos meados do século XX. Se ele ainda estiver neste mundo e se um dia voltar a fazer uma reportagem sobre a actual Braga, antes, porém, talvez lhe dê uma síncope ao notar a grande modificação que, passou em 60 anos – as fábricas quase desapareceram, as quintas à sua volta deram lugar a um desordenado urbanismo, aumentou em parte o comércio com as grandes superfícies. Graças à criação das Escolas Superiores – Universidade do Minho, Universidade Católica Portuguesa com as Faculdades de Filosofia e Teologia, Escolas Secundárias e outras instituições onde o ensino se faz, a população aumentou, devendo hoje orçar, se não ultrapassar, os cem mil residentes, muitos deles juvenis. Esta é a Braga, do século XXI, dinâmica, operosa e conservadora. Braga, 28 de Outubro de 2010 LUÍS COSTA
publicado por Varziano às 15:48
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Quarta-feira, 27 de Outubro de 2010

VARAZIM DE J USÃO

VARAZIM DE JUSÃO Depois de ter feito uma análise nos dois anteriores artigos sobre a história da Póvoa, como a viu o Padre Carvalho da Costa, em 1701, “…povoação antiga com um porto de enseada”, para terminar estas notas e confirmar a afirmação da sua antiguidade. Sabemos que, graças a vários histórico-investigadores que, aquando da romanisão, o espaço que se denominava o alto de Martim Vaz, ao norte junto ao mar, esta parte da costa norte de Portugal era, senão povoada, pelo menos aqui era um local de trabalho pois aqui, um senhor creio que de nome Cruz, talvez engenheiro camarário, por volta dos primeiros anos da centúria de mil e novecentos, em algumas prospecções que ali fez, das quais nos deixou um expressivo mapa descritivo, fez alusão ao achado de uns restos de construções, possivelmente da Vila de Uerazini, e entre esses os alicerces do que seria um tanque que seria provavelmente o local da salga de peixe o que provaria que a arte da pesca, era já praticada de longa data. Pelos documentos existentes ficamos a saber que, nos princípios da nacionalidade, as povoações ficavam distantes da orla marítima, uma maneira de se protegerem dos corsários marroquinos que em ferozes investidas, saqueavam as povoações. Temos o por exemplo, aqui bem ao perto, a cidade de Vila do Conde, e que também por outras e mais razões fica bastante longe do mar. O primeiro núcleo, que originou a RAÇA DOS VALENTES HOMENS DO MAR DA PÓVOA, também se encontrava bem distanciado da língua da maré. O seu local de alojamento era muito perto de ARGIVAI, e até podemos dizer que foi aí que nasceu o povoamento que originou a Póvoa de hoje e, para o confirmar, sabemos que a sede religiosa, era naquela hoje sua freguesia. E era tal o desassossego desta pobre gente que já Dom Afonso Henriques chegou a criar uma defesa marítima para evitar as constantes investidas e saques. Mas a resolução desse instante problema só viria ficar, em parte resolvido, com a conquista do Algarve. Quando da morte de D. Afonso III, ascendeu ao trono D. Dinis, que tinha recebido o Reino do Algarve dado por seu avô D. Afonso III, rei de Castela. Anos passados, em 1307, “na sequência da política nacionalizadora levada a cabo por D. Dinis, e do interesse que o comércio marítimo estava a despertar”, fez parte das preocupações reais a defesa desse comércio, constantemente prejudicado pelas investidas dos piratas. Como tal pensou e organizou uma frota naval, nomeando em 1307, Nuno Fernandes Cogominho, como primeiro Almirante dessa frota. Tendo morrido Cogominho, em 1316, logo no ano seguinte, 1317, nomeou o genovês Manuel Pessanha, para o comando da frota real, encarregando-o de organizar uma armada militarmente eficaz. Por carta de 1 de Fevereiro de 1317, obteve o título de Almirante de Portugal, e em 1341, participou no ataque a Ceuta, ninho dos piratas marroquinos que infestavam a costa do reino dos Algarves. Reunidas as condições para a salvaguarda, dentro do possível, passaram as populações a aproximar-se da costa e aí instalarem-se. Tal foi o que aconteceu com os pescadores que descendo de Argivai, se vieram a instalar junto da enseada e nesses anos, o rei D. Dinis principiou a conceder forais aos habitantes desses novos povoados, como aconteceu em 9 de Março de 1308 ( 1347 era de César ), com o foral concedido ao “Reguengo (terra do rei) de Varazim de Jusaão” E assim, socorrendo-me da publicação de Cândido Landolt, “A PÓVOA LINDA”, (1914), pag. 49, extraio o seguinte : “ Autorizou, pois, D. Dinis, que os agraciados, tanto homens como mulheres e seus sucessores do reguengo do ‘Reguengo de Verazim de Jusaão’, fizessem ‘hy hua pobra’ a qual, já no reinado seguinte, de D. Afonso IV, se chamava a “Bajlia da Poboa Nova de Varazim”. Informa ainda o mesmo autor que “Nessa altura a pequena colmeia se compunha de onze e meio casais, sendo doze chefes de família com suas terras de lavoura e 42 evidentemente dedicados à faina do mar, demonstrando, já por isso e pelos tributos, a importância do pequeno “porto de Varazim”. Apesar do então reino de Portugal, possuir já, pode dizer-se uma armada, a pirataria só mais tarde é que foi banida da nossa costa. Temos notícia dum ataque à Lourinhã, onde foi raptada pelos piratas uma criança, logo a seguir abandonada e recolhida por uns monges, e que veio a ser mais tarde Arcebispo de Braga, companheiro de Nuno Álvares na Batalha de Aljubarrota. Foi ele Dom Lourenço Vicente (1374/1397). E com estas notas termino uma pequena parte da história desta nossa Póvoa, “A Bajlya da Poboa Noua de Varazim”. Braga, 26 de Setembro de 2010 LUÍS COSTA
publicado por Varziano às 17:50
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Braga na senda do progresso

BRAGA NA SENDA PROGRESSO NO ÚLTIMO QUARTEIRÃO DO SÉC. XIX De facto Braga, no último quartel do século XIX, sofreu um grande abanão na senda do progresso. Apenas vou referir de entre outros, só quatro, mas qualquer um deles ainda hoje se fazem sentir. O primeiro e que por acaso se refere precisamente ao início do quarteirão, 1875, foi acontecimento que para sempre ficará nos anais de Braga. Foi a chegada oficial do caminho de ferro à cidade, benefício que transformou por completo os meios de transporte, ligando Braga a todo o País e até ao estrangeiro, a partir dessa memorável data de 20 de Maio. Nem todos, a princípio, achavam que ele trazia qualquer vantagem. Houve até um honrado comerciante que não se coibiu de fazer este comentário : ERA MUITO MELHOR O RECOVEIRO PARA NOS TRAZER DO PORTO A MERCADORIA, por exemplo, se precisar de uma vassoura, encarrega-se o recoveiro de a comprar, e ele a entrega na nossa porta e nós apenas temos que lhe pagar, ao passo que se for pela máquina fumegante, temos de a encomendar e depois procurá-la na estação. ONDE ESTÁ A COMODIDADE ? perguntava o discordante. No entanto deve ter pensado melhor e deve ter-se arrependido. Antes do comboio, praticamente, perdia-se tempo, e tempo é dinheiro. Uma das coisas em que Braga ficou a perder foi a Bolsa de Valores, então no velho Teatro São Geraldo, já predestinado a movimento de dinheiro, pois agora nesse espaço está o Banco de Portugal. A segunda foi em 25 de Março de 1882, da inauguração do Elevador do Bom Jesus, que trouxe inúmeras vantagens aos romeiros, que também teve a princípio os seus detractores, pois achavam que os peregrinos, optando pelo elevador, não deixavam as esmolas nos diversos Passos, o que achavam resultava em prejuízo para o Santuário, só que também se devem ter arrependido do juízo que fizeram quando viram que logo no primeiro ano do elevador as esmolas no Templo mais que triplicaram. A terceira, foi no dia de São João de 1893, à meia noite, as ruas principais onde se estavam a fazer os festejos, rebentaram com luz como, então diziam, PARECE QUE É DIA. Tinha chegado a iluminação eléctrica, apesar de ter chegado atrasada umas poucas horas, estava para ser as nove da noite. Braga, foi então a primeira cidade do País a ter o privilégio da iluminação eléctrica, pública e particular. Em Lisboa, para festejar o nascimento de Dom Carlos, o seu pai Dom Luís, tinha comprado um gerador eléctrico para iluminar a Cidadela de Cascais e, depois, em determinados dias esse gerador foi utilizado por umas breves horas, no Jardim Público Lisboeta, mas a restante cidade, NICLES. Mas também não foi muito bem recebido o melhoramento. Houve até várias questões com o concessionário do fornecimento da iluminação a gás, como relatavam várias actas camarárias do tempo. Finalmente, a quarta, essa foi a maravilha do século. No dia 21 de Novembro de 1896, nove dias depois de ter sido apresentado no Porto, cabe a vez de Paz dos Reis, de mostrar aos bracarenses a maravilha do século - as figuras animadas do Cinema. Nessa noite, os bracarenses que ocorreram ao Teatro São Geraldo (não confundir com o Cinema São Geraldo dos nossos dias ), são exibidas as pequenas reportagens que deixaram todos de “boca aberta”- a chegada dum comboio americano a Cadouços (Foz do Douro), O Jardineiro regado, O Zé Pereira na romaria de Santo Tirso, a saída das costureiras da fábrica de camisas “A Confiança” no Porto e outros quadros, que constituíram o nascimento do cinema português. Portanto podemos dizer, sem rebuço, que Braga, terminou em glória o século XIX. LUÍS COSTA
publicado por Varziano às 17:39
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Terça-feira, 26 de Outubro de 2010

Freguesia de São Victor

SÃO VICTOR EM 1701 O padre António Carvalho da Costa, editou em 1701, dedicada a Sua Magestade o Sereníssimo Rei Dom Pedro II (palavras suas), uma obra em dois tomos, na qual se propôs descrever, na esfera continental do dilatado reino de Portugal, que então abraçava as quatro partes do mundo. Deu-lhe o título de “COROGRAFIA PORTUGUEZA”, e na dedicatória diz: “ A Corografia histórica deste Reino é todo o emprego deste livro: nele verá Vª Mag. o número das Cidades, que com tanta magnificência tem engrandecido com obras sumptuosas, tem assegurado fortificações inexpugnáveis; Vilas que, com suma benignidade tem ilustrado com privilégios; os Lugares que tem erigido em Vilas, e que tem ampliado os termos…Tudo isto, Senhor, verá … neste livro…” Despertou-me a curiosidade saber como se referiria à Bracara Augusta, dos princípios do século XVIII e, de um modo mais especial, à freguesia da minha residência, São Victor. E assim encontrei numa edição muito posterior, que estou a seguir julgo, que da última metade do século XIX, já depois da reforma administrativa de Mousinho da Silveira, a páginas 157, do 1º Tomo, a referência a São Victor, seguindo a narrativa que não a ortografia, que procurei actualizar, vou abaixo transcrever. No entanto e como desde há muito tempo e agora com mais insistência, o assunto tem sido muito debatido, talvez nem caiba mal aqui o que o último parágrafo que ali está inserido antes, propriamente entrar no que se refere à freguesia que nos interessa para este escrito: “também há restos de haver aquedutos , mui usados nos tempos do Romanos, com que se provia a Cidade de água” Estaria o autor a referir-se ao manancial das Sete Fontes ? Passemos então à transcrição: “ S. Victor, chamado vulgarmente S. Vitouro, foi mosteiro de Frades Bentos, fundado por São Martinho de Dume doado com uma quinta que ali havia dos Bispos de Santiago, aos Monges do Convento de S. Antão de Moure por Vasco Mendes, Sacerdote, de quem eram; a qual doação foi feita em 10 de Novembro de 565, como consta de uma Escritura, que traduzida em Português, quer dizer: Damos a nossa quinta, ou herdade com tudo quanto lhe pertence, e com a Igreja de S. Vitouro, a vós Varões de Deus, para que ali façais um Templo santo e Mosteiro em que moreis. Cumpriram os Monges de Moure a condição do doador fazendo Igreja e Mosteiro naquele lugar, aonde viveram largo tempo, fazendo o ofício de Capelains do Glorioso Mártir S. Vitouro, e foi sempre Priorado seu; mas estando, como se entende, destruído pelos Mouros, se deu ao Arcebispo S. Geraldo juntamente com o de Moure. Sagrou esta Igreja de S. Vitouro o Arcebispo Dom Paio Mendes em tempo delRei D. Afonso Henriques: é Vigairaria que apresentam os Arcebispos, que se intitulam Abades desta Igreja, rende-lhes quatrocentos mil reis, e cinquenta para o Vigário: tem mil e duzentos e oitenta vizinhos (em 1701) e mil e cinquenta e sete fogos (casas), números estes de quando foi reeditado, no século XIX, o índice do Tomo I. (Nesta data o conjunto de fogos das então restantes cinco freguesias, era de 2880, mas aqui incluía a já freguesia de São Lázaro, desmembrada de São Victor e que, só ela, absorvia já a fatia de 912 fogos). Nesta Freguesia está o lugar que chamam as Goladas, aonde S. Victor foi martirizado, de que lhe ficou o nome, e um arco dentro do qual com grades de ferro de fora se guarda uma pedra, em que foi degolado, e permanecem sinais de seu sangue das gotas que nela derramou. Também há uma torre e ruínas de edifícios a que chamam Passos, que dizem eram do Santo, hoje é Morgado, que possuem os do apelido de Silva. Tem esta Paróquia em seu distrito as Igreja e Ermidas seguintes: A Igreja de Nossa Senhora a Branca, que fundou (reformou) o Arcebispo Dom Diogo de Sousa, mandando abrir todo o terreiro, que vai da porta do Souto até esta Igreja, em tal proporção e distância, que se pode contar pela melhor praça e saída de quantas há no Reino. A imagem da Senhora é mui majestosa e devota, suspende os olhos a quem a vê, e parece-lhe oferece o Filho, que tem em seus braços: tem Confraria dos principais da Cidade, com seis Capelains, que rezam em Coro, fora muitos que tem obrigação de Missa; servem-na seus Confrades com riqueza e aparato, tem muita prata e custosos ornamentos. Celebra-se a sua festa a cinco de Agosto. Tem a invocação de Nossa Senhora a Branca, pela brancura da neve, com que em Roma apareceu branqueando o Monte Esquilino, aonde a Senhora queria que se fundasse aquele sumptuoso Templo, chamado por esta ocasião, Sancta Maria ad Nives, a cuja imitação o Arcebispo Dom Diogo mandou fundar esta Igreja pela devoção que tinha aquela Senhora, do tempo em que esteve em Roma. A Ermida de N. Senhora da Penha de França que é de Beatas, que não professam a clausura. A Ermida de Santa Ana, que fundou o Arcebispo Dom Diogo de Sousa no mesmo terreiro e campo que tomou o nome desta Santa, junto ao qual mandou levantar em boa ordem as pedras e colunas, que os Romanos, quando dominaram Braga, levantaram a diversos Imperadores para que, naqueles letreiros, tivessem os curiosos em que gastar o tempo e se fizessem peritos nas antiguidades da sua pátria. As Ermidas de S. Gonçalo, S. Lázaro, Santa Justa, Santo Adrião, Nossa Senhora das Mercês, S. Vicente, Nossa Senhora de Guadalupe, situada em um alto monte, Nossa Senhora do Pilar e São João da Ponte, situada em um ameno e dilatado campo, aonde está uma fonte que chamam do Arcebispo, cercada de muitos arvoredos. O Convento de S. Filipe de Nery,(Congregados) em que residem quinze padres.” (COROGRAFIA PORTUGUESA- 1º Tomo,1701, pag. 156. (2ª Edição 186 (?) Padre António Carvalho da Costa Na alameda de Santa Ana (Avenida Central), os Religiosos da Província da Soledade do Convento de São Frutuoso, em Real, fundado pelo Arcebispo Dom Diogo, tinham desde o sec. XVII, um hospício na actual casa conhecida pelo nome de Casa do Barão da Gramosa, gaveto da Avenida com a rua D. João Cândido Novais e Sousa (Cangosta da Palha). O Abade de Fonte Boa, D. Jerónimo José da Costa Rebelo, mais tarde Bispo do Porto, comprou-a e deixou-a em testamento ao referido Barão da Gramosa, seu irmão. Nesta alameda tinham também os Monges de Vilar de Frades, desde o sec. XVI, o seu hospício. Como se vê a então Paróquia de São Victor, era uma freguesia extra muros da cidade, de grande extensão e valia, e a avaliar pelas instalações religiosas devia ser tanto ou mais importante do que aquelas situadas dentro da muralha medieval citadina, como acima está provado, já pelo número de vizinhos, com o consequente número de fogos. Pode-se assim afirmar, sem rebuço, que era, como hoje, a mais populosa da urbe. Basta lembrar que, retiradas do seu aro, criou Dom José de Bragança, em 1747, a freguesia de São José de São Lázaro e depois em 1926, foi criada canonicamente (ou ressuscitada) por Dom Manuel Vieira de Matos, a paróquia de São Vicente e civilmente freguesia em 1932. A avaliar pela extensão ocupada hoje por estas duas freguesias, retiradas à jurisdição de São Victor, vemos que de facto era um importante lugar fora de muros. Mas, São Victor, não adormeceu com esta distinção. A sua população, industriosa, criou meios de se impor, na cidade arquiepiscopal. Surgiram as indústrias, é certo que caseiras, como a dos sombreireiros, mas até outras que se impuseram não só no País, como no estrangeiro. Referimo-nos, principalmente, às armas de fogo e todas suas várias componentes – como coronhas, espadas, florestes, copos de ferro (guardas mãos), etc. E era tal a qualidade destas armas que o Conde de Lippe, aquando da reorganização do exército português, não hesitou, em aconselhar a compra em Braga, dessas armas. Temos conhecimento que nos finais do sec. XVIII ou princípios do seguinte, que havia, em Braga, uma fábrica de armas, de grande sucesso, que eram exportadas para a Europa, África e Brasil. Eram produzidas em São Lázaro, por armeiro, possivelmente de origem italiana, Lázaro Lazarino, mas que se dizia natural desta cidade, e que vieram dar o nome a essas espingardas que ficaram conhecidas por LAZARINAS, e ainda em São Lázaro, a primeira fábrica de Sinos, fixa, pois que até então eram fundidos em poços junto aos locais onde se destinavam. Mas outras industrias aqui, nesta freguesia de São Victor, nasceram e deram origem ao desenvolvimento em que sempre se assentou. Já destacamos a dos sombreiros mas podemos ainda acrescentar-lhe a manufactura da indústria de seda, tecidos, metalurgia e já mais recente a de saboaria. Não podemos esquecer que foi a freguesia de São Victor que deu, em parte, durante muitos anos a comer aos bracarenses, o pão farinado nas azenhas do Rio Este, quase todas dentro do seu aro, como não podemos esquecer que também foi o manancial das Sete Fontes, (hoje tão desprezado por alguns) que matou a sêde aos muitos bracarenses, quase até aos nossos dias e isto não falando nos produtos hortícolas que vicejavam por essas quintas dos seus arredores, sacrificadas ao camartelo do progresso. São Victor, hoje pode ainda orgulhar-se de ter sido e ainda o é a mais densa, populosa e dinâmica freguesia da nobre Bracara Augusta. Braga, 13 de Outubro de 2010 LUÍS COSTA
publicado por Varziano às 20:04
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São Pedro de Maximinos

SÃO PEDRO DE MAXIMINOS UMA PEQUENA RESENHA HISTÓRICA (1701) Em 1701, o padre António Carvalho da Costa, pretendendo dar a conhecer aos portugueses a descrição Topográfica do Reino de Portugal, principiou a publicar, depois de devidamente ter sido sujeita à apreciação e consequentes licenças da Santa Inquisição, a obra “COROGRAFIA PORTUGUESA”, na qual descreve em três Tomos, com o maior rigor possível para a época, o país “situado na parte mais ocidental da Europa, no melhor clima do mundo…Um dos mais notáveis reinos da Espanha, tanto pela fertilidade do seu terreno, quanto pelo valor e esforço dos seus naturais, que não só venceram expulsaram os mouros das próprias terras, como descobriram mares nunca antes navegados …”. Dividiu esses Tomos em três partes – Norte, Centro e Sul de Portugal – dedicando os dois primeiros às Magestades Reinantes que então estavam no Trono do Reino, ao tempo da sua impressão e divulgação. Assim o primeiro foi dedicado a Dom Pedro II, 1701; o segundo a Dom João V, 1707; o terceiro a Dona Mariana de Áustria, esposa do futuro rei Dom José, em 1712. Esta divergência de datas justifica-as o autor na dedicatória do terceiro Tomo, com as palavras com que abre o prólogo “Parece que foi providência distribuir-se a impressão dos três volumes da Corografia Portuguesa em três tempos, que achassem coroados três protectores do mesmo reino que descrevem”. Para nós o que nos interessa, para já, é o primeiro, que se resume à Província de Entre Douro e Minho o qual abrange a Arquidiocese, Comarca e Ouvidoria de Braga, seu termo, e Coutos sujeitos à Cidade Arcebispal. Assim, respigamos o que o Tomo I, nos diz sobre a freguesia que nos vamos debruçar – São Pedro de Maximinos. Na pag.155, refere: “São Pedro de Maximinos, Abadia da Mitra, rende quatrocentos e cinquenta mil reis com a anexa de Gondizalves, tem duzentos e quarenta vizinhos. É esta Igreja primeira, aonde os Arcebispos vinham fazer oração, antes que fizessem a primeira entrada em Braga: tem em seu Distrito uma Ermida de Nossa Senhora da Conceição, que está à entrada na entrada da Cidade, outra na Madre de Deus, na quinta de Estêvão Falcão Cota e outra de S. Gregório fundada em um monte. Junto esta paróquia de S. Pedro de Maximinos, teve seu princípio e primeira fundação a Cidade de Braga, de que se mostram ainda hoje ruínas de grandes edifícios, que dão testemunho de sua antiga magestade, e ainda se vê como um meio círculo, lugar em que estava o anfiteatro, aonde os Bracarenses ao modo dos Romanos celebravam as suas festas; e correndo de S. Pedro até ao Hospital de São Marcos aparecem vestígios, que indicam que até ali se estendia a Cidade antiga. Também há rastos de haver aquedutos, mui usados no tempo dos Romanos, com que se provia a cidade de água.” No índice, da segunda edição, já levada a levada a efeito, depois da reforma administrativa de Mousinho da Silveira, exemplar de que nos estamos a servir, seguiu o editor o Mapa Geral Estatístico das Côngruas, etc, relativo ao ano Económico de 1864/65, indicando a pag. XXIV, que anexada a Maximinos estava Gondizalves, e cujos oragos, respectivamente, eram S. Pedro e Santo André; e que as duas tinham no conjunto 373 fogos (casas). Nada mais refere a Corografia. Apesar do que acima se escreveu, não ficamos satisfeitos e procuramos mais informações sobre Maximinos. Para isso tivemos de recorrer a outros autores, mais recentes é certo, mas que também nos fornecem curiosos factos relacionados com esta hoje muito desenvolvida e próspera freguesia. São eles, Bernardino de Senna Freitas, Memórias de Braga, coordenadas por Pereira Caldas, em 1889 e Albano Belino, Archeologia Crhistã, 1900. Assim Senna Freitas, dá-nos no 1º Tomo, a pag. 95, o número de moradores à data em que anotou, na segunda metade do séc. XIX, para Maximinos 37 e para Gondizalves 21. Fala numa fonte nesta freguesia, fol.117, de águas medicinais e na qual, segundo a tradição bebeu o glorioso S, Tiago, quando veio a esta cidade. Já no 2º Tomo, a pag. 171, diz “Na circunferência da antiga cidade de Braga, no lugar em que estava a antiga igreja de S. Pedro de Maximinos, via-se outrora uma praça pública e uma coluna, tendo uma inscrição dedicada ao imperador Maximino….Sendo abade desta freguesia Manuel José Leite, secretário do Sereníssimo Arcebispo D. Gaspar, fez demolir essa igreja antiga; e a transferiu para a capela de Nossa Senhora da Conceição do Monte de Penas (dizem o lugar da forca) que fica na entrada cidade”. Albano Belino, na citada obra a pag. 195, refere “…próximo do local onde existiu uma das portas acasteladas e onde tempo dos romanos a companhia dos cidadãos fez à sua custa a casa da sociedade, como nos dizia a inscrição que no primeiro quartel do século passado (XVIII) apareceu ali encostada (Sodalicivm. Urbanorvm de suo fieri curraverunt). Sobre a demolição da igreja antiga, diz que estava um pouco afastada da actual, intitulada de Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem é venerada em nicho aberto na fachada. Informa ainda que o Arcebispo obteve da Confraria a desistência da igreja e respectivas rendas para a fundação de um Convento de Ursulinas, mas que a sua morte impediu a execução do plano. Anota ainda duas inscrições lapidares uma que se encontra a capiar o muro do adro que diz “Esta capela mandou fazer o reverendo Francisco Pereira da Cruz, Reitor que foi de Queimada. Tem duas missas somanárias por sua tençam. Com sepultura perpétua para ele e “seus herdeiros (?)” e a outra na parede interior da sacristia, toda pintada de azul e tem as letras douradas. A sua leitura era “Memória da Bula perpétua de indulgências concedidas pelo Papa Paulo V e confirmadas por Clemente VIII no ano de 1604; e tem indulgência plenária na hora da morte. Ano de 1722.” Muito mais haveria a dizer sobre Maximinos, mas isto que aqui fica, é apenas uma pequena resenha de uma freguesia de Braga, pujante de desenvolvimento, e que por certo damos a conhecer a alguém, um pouco da sua história mais que bi-milenária. Braga, 21 de Outubro de 2010 LUÍS COSTA Email: luisdiasdacosta@clix.pt www :bragamonumental@sapo.pt Telf. 253 216 602
publicado por Varziano às 20:01
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SÃO JOÃO DO SOUTO - 1701 PEQUENA RESENHA HISTÓRICA DESTA FREGUESIA Graças a alguns memorialistas como Silva Thadim, Carvalho da Costa, Inácio José Peixoto, Senna Freitas, Albano Belino e outros que agora não nos ocorre, podemos hoje recordar o que foi a Braga do século XVIII, as suas freguesias, a sua população, os seus templos, alguns sacrificados ao camartelo do progresso e outras coisas de interesse que se não fora a visão destes esforçados historiadores ficariam para sempre sepultados no esquecimento, escondidos no pó dos séculos. Já por diversas nos temos socorrido desses trabalhos e, hoje, de novo o vamos fazer, como de resto nos estamos servindo, para dar, desta vez uma resenha da freguesia de São João do Souto nos primórdios do século XVIII. Respigando do I Tomo da Corografia Portuguesa, que o Padre Carvalho da Costa, principiou a publicar em 1701, damos conta que a freguesia de São João do Souto era abadia que apresentavam os Arcebispos, para os quais rendia trezentos mil reis. Tinha novecentos e oitenta vizinhos (moradores). De notar que, segundo uma informação dada por Senna Freitas, em MEMÓRIAS DE BRAGA, a pág. 95, do I Tomo, Braga, juntando as três freguesias – São João do Souto, Sé e Cividade - tinha, ao tempo do rei D. Manuel 1º , oitocentos e quarenta e cinco moradores e que, seguindo o índice da Corografia, no tomo acima citado, pag. XXXVIII (reedição pós a divisão territorial de Mousinho da Silveira) o Mapa Geral Estatístico de 1864/65 dá como havendo em São João do Souto, 625 fogos (casas). No aro desta freguesia, refere Carvalho da Costa, há diversos templos, conventos e um hospital, que a seguir se descreve: “…uma notável capela de Nossa Senhora da Conceição, com arco para a igreja de São João, a qual fundou um provisor do Arcebispo Dom Diogo de Sousa, que era da família dos Coimbras, a quem a deixou com Morgado de quinhentos mil reis de renda e boas casas: é hoje Administrador desta capela José de Coimbra de Andrade, a qual tem duas Missas em cada semana. Tem mais esta freguesia em seu distrito o famoso templo de Santa Cruz, que se fez de esmolas, no qual há seis Capelains que rezam em Coro, e trinta com obrigação de Missa, para o que tem mais de dois mil cruzados de renda. A Igreja do Espírito Santo do Hospital, mais duas Capelinhas no mesmo Hospital, em que se diz Missa aos enfermos, e uma Capela de S. Marcos João, Bispo e Mártir, (primo e companheiro do Apóstolo S. Barnabé) aonde está o corpo deste Santo em um sepulcro antigo de jaspe coberto com uma pedra que guarda as sagradas relíquias, pelas quais obra Deus muitos milagres: esta Capela é muito antiga e está situada no campo dos Remédios: deste Santo tomou nome a rua que chamam de São Marcos, (não é actual, mas a que mandou abrir Dom Diogo de Sousa, desde a traseira da Sé, até à porta então de São Marcos { depois porta de São João Souto, ou porta Oriental } e que é hoje a Rua de São João) O Mosteiro de Nossa Senhora dos Remédios de Religiosas Franciscanas da Terceira Ordem, sujeitas aos Arcebispos de Braga, em que residem cento e quinze Freiras, e tem a regalia de (quando morrem os Prelados) tangerem a Sé Vacante, como na Igreja Catedral, e aceitaram as Freiras, que lhes parecem, sem sujeição ou dependência do Cabido. Fundou este Convento Dom Frei André de Torquemada, Terceiro Regular da Província da Andaluzia, Bispo de Dume, que lhe anexou a Igreja de São Pedro de Freitas, de que era Comendatário, com tudo quanto possuía; e pelos anos de 1551 lhe deu licença para esta fundação o Arcebispo Dom Frei Baltasar Limpo; está fora dos muros da Cidade em sítio alegre, hoje muito aumentado em edifícios e rendas, porque tem oito igrejas anexas. Dele saíram em diversos tempos fundadoras para o Convento da Conceição, da mesma Cidade e para o de São Francisco da Vila de Monção, que ambos são da Terceira Ordem Franciscana. O Convento de Nossa Senhora do Carmo de Carmelitas Descalços, junto ao Campo da Vinha, em que residem trinta e seis Frades. O Convento de Nossa Senhora do Pópulo de Eremitas de Santo Agostinho, em que residem vinte e seis religiosos, por não estar ainda acabado, com obrigação de terem duas Cadeiras, uma de Teologia e outra de Moral. Foi fundado pelo Arcebispo de Braga, Dom Frei Agostinho de Castro, Religioso da mesma Ordem, o qual lhe dotou seiscentos mil reis de juro para seu sustento, com obrigação, entre outras, de uma missa cootidiana pela alma delRei D. Filipe, que lhe dera o Arcebispado, e um ofício de nove Lições, e o enriqueceu com um grande tesouro de relíquias que trouxera de Roma e Alemanha, todas ricamente ornadas. Tem excelente cerca com cinco fontes singulares (uma delas que chamam a do Menino de jaspe, com notável delicadeza lavrada) e sete devotas Ermidas dos Passos da Paixão de Cristo, a que chamam Jerusalem, todas com grande perfeição, subindo de umas para as outras quase em caracol, e por remate destas Ermidas uma grande varanda com desimpedida vista; tem bons pomares e hortas e sobretudo uma formosa deveza, ou alameda de carvalhos postos por tal ordem que assim na grandeza como na distância são um delicioso emprego da vista; e tem uma vinha dentro, que não é a menor maravilha, porque dentro de três para quatro léguas de distância desta Cidade se não acha outra semelhante. A Capela de Nossa Senhora da Conceição, dentro do Seminário de São Pedro, que fundou o Arcebispo Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, com bastantes rendas para o sustento de trinta e cinco Colegiais e oito Moços de Coro, que depois de servirem alguns anos na Sé, tem também beca. Tem saído deste Colégio para o governo das Igrejas do Arcebispado e para Religiões sujeitos grandes em virtude e letras. As Capelas de Nossa Senhora do Amparo e de Santo António. O Paço dos Arcebispos com duas Capelas e largos jardins e neles muitas pedras com letreiros romanos, que poucos se podem ler, por estarem mui gastados (sic). A capela de Nossa Senhora da Abadia. As Capelas do Castelo, do Aljube e da Relação, e dois Hospícios com suas Capelas, um dos Frades Bentos e outro dos Bernardos.” Quanto ao relato da Corografia, fica por aqui e pelo relatado acima podemos avaliar o que o camartelo do progresso destruiu. Por exemplo do Convento do Pópulo, da sua cerca, o que restou ? NADA!... O Mata Frades foi o grande tribuno do princípio do terramoto que se prolongou até aos nossos dias não só na nossa cidade arcebispal, como em outras partes do País. Muito mais se podia dizer sobre esta freguesia, mas sair-se-ia do âmbito a que nos propomos de início. Possivelmente deixá-lo-emos para outra oportunidade. Braga, 22 de Outubro de 2010 LUÍS COSTA Email: luisdiasdacosta@clix.pt www : bragamonumental@sapo.pt Telf. 253 216 602
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SANTIAGO DA CIVIDADE PEQUENA RESENHA DESTA FREGUESIA NO SÉCULO XVIII Para evocar um pouco de Santiago da Cividade, ao longo de quase três séculos, vamos recorrer a alguns memorialistas que nos fornecem preciosos testemunhos da história desta freguesia que ocupa o lugar mais antigo desta nobre cidade de Braga. São eles o Padre António Carvalho da Costa, 1701, ano em que editou o lº Tomo da sua “Corografia Portuguesa”; Bernardino da Senna Freitas, do qual Pereira Caldas, no século XIX compilou, em cinco volumes, vastas notas e informações deste autor, Albano Belino, que no final do século XIX, 1900, em “Archeologia Christã”, também se ocupou, entre assuntos, de Santiago da Cividade e Monsenhor J. Augusto Ferreira, 1931, no 2º Tomo dos “Fastos Episcopais da Igreja Primacial de Braga”. Assim, cronologicamente, vamos iniciar pela “Corografia Portuguesa”, do Padre Carvalho da Costa, que a pag. 154, do lº Tomo, 1701, se refere a esta mui antiga freguesia da Bracara Augusta, núcleo ocupado pelos romanos que aqui deixaram inúmeras marcas da sua presença: “Santiago da Cividade, Vigairaria do Cabido, tem trezentos vizinhos; (esta freguesia tem a Igreja de Santiago) dentro desta igreja está Capela das Chagas, que fez Pedro da Gran, último Comendatário de Carvoeiro, e faleceu no ano de 1602, pôs nela uma Relíquia do Santo Lenho com muitas indulgências e Jubileus, que alcançou dos Sumos Pontífices; é hoje administrador desta Capela o Reverendo Padre Fernão Correia de Lacerda, que tem quatro Missas cada semana. Tem esta freguesia em seu Distrito o Colégio de São Paulo, que fundou no ano de 1560, o Arcebispo Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, aonde residem quarenta padres da Companhia, os quais ensinam Gramática, Filosofia, Teologia especulativa e Moral. Temos de abrir aqui um parênteses para um esclarecimento. A informação de Carvalho da Costa, não está correcta, há um equivoco e para o desfazer teremos de nos socorrer de Monsenhor Ferreira e à sua obra “Fastos Episcopais”, que no Tomo 2º, pag. 385, indica que os Estudos Públicos, foram instalados nesta cidade, abertos pelo Arcebispo Dom Diogo de Sousa (1505/1532), sob o patrocínio do Apóstolo das Gentes, São Jerónimo, na antiga Capela de São Paulo e edifício anexo, próximo da Igreja de S. Tiago da Cividade, e hoje desaparecidos. E para, talvez justificar o erro da “Cronologia Portuguesa”, em relação ao facto de atribuir a D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1559/1582), voltamos de novo as “Fastos”, de Monsenhor Ferreira, onde no 3º Tomo, a pag. 14, se encontra a notícia “Trespasse e doação do Colégio de São Paulo e Estudos Públicos de Braga à Companhia de Jesus”. Dom Frei Bartolomeu, no intuito de melhorar os Estudos, entregou em 26 de Agosto de 1560, à Companhia de Jesus, o Colégio de São Paulo. Aclarado o equívoco, voltemos à Corografia. Continuando diz tem “ A Ermida de São Sebastião e o Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Religiosas da Terceira Ordem de S. Francisco, que se não me engano, não tem todo este Reino semelhante no hábito, o qual é branco com Escapulário azul e manto e uma insígnia da Senhora da Conceição ao peito: residem neste mosteiro cem Religiosas. Tem também dentro do seu aro o Hospital de São Tiago, chamado das velhas, e da administração do morgado de Real, que instituiu Lopo de Barros.” No índice do Tomo lº, da Corografia, elaborada aquando da segunda edição desta obra, que estamos a seguir, refere que depois da divisão territorial de Mousinho da Silveira, e pelo Mapa Geral Estatístico, referente ao ano económico de 1864/65, tinha 290 fogos (casas). SITIO DE BRAGA NO TEMPO DOS ROMANOS Passemos agora às referências de Senna Freitas e principiaremos pelo título de uma notícia, 1º Tomo, pag. 12 : A área onde se vê a igreja de S. Tiago de Cividade, era local central da cidade romana. Os muros deste local principiavam junto da igreja paroquial de S. Pedro de Maximinos, e daí corriam pela parte meridional, e por uma baixa, até onde se chama hoje Cividade, ficando dentro deste circuito, os terrenos onde agora está instalado o Convento de Nossa Senhora da Conceição (Instituto Monsenhor Airosa), o hospital de São Marcos que fica a nascente, a norte a Sé, até se prolongar até ao poente a Maximinos. Tinha aproximadamente esta circunferência, meia légua (dois quilómetros e meio), mas apesar de ser uma área um tanto ou quanto pequena, diz Freitas: naqueles tempos a cidade de Braga era opulenta, e o empório do comércio da província…É sabido, que os romanos em Espanha, fabricavam as cidades acastelando-as, e dando-lhes pequena circunferência em seus muros…”. Dentro da muralha romana há muitos vestígios dos seus antigos muros, “no espaço de quinhentos passos, para o sul, correndo de nascente para poente, e na altura de vinte e cinco, vinte, treze e doze palmos”, e como hoje em dia podemos comprovar, entre outras, pelas ruínas do balneário e do que resta de uma edificação, onde se acha instalado o Museu Dom Diogo de Sousa. Ainda no 1º Tomo, e a pag. 105, indica a primeira fortificação da cidade: “A primeira e mais antiga fortificação desta terra foi, segundo se presume, no mesmo sítio onde agora se vê a igreja de S. Tiago, dentro dos muros desta cidade, a que ainda chamam cividade – nome que conserva, apesar da sua antiguidade” e, na pag. 115, do mesmo tomo, informa que o sacrário foi ali colocado, por ordem do Arcebispo D. Frei Agostinho de Jesus, tendo-lhe doado uma certa renda. Apenas, dentro de muros, era a Sé, que usufruía esse privilégio. O Juiz da Confraria, confirmada no ano de 1556, tomava as contas, por obrigação ao morgado de Real, que “instituíra Lopo de Barros; pelo que lhe dava um tostão.” Na página 442, do V Tomo, descreve Senna Freitas, a Igreja dizendo que o seu interior consta da Capela-Mor, em que está o Sacramento, e tem a imagem do Santo Padroeiro, numa tela pintada; da parte da Epístola, altar colateral do mesmo Santo Apóstolo, com imagem de vulto ; mais abaixo está o altar de Santo António, e da parte do Evangelho, o altar e imagem de Nossa Senhora do Presépio. De seguida encontra-se a Capela das Chagas, num corpo separado da Igreja, por um arco, e sobre este as armas de São João de Latrão, templo de Roma, por gozar das Indulgências desta Basílica Romana. Tem também no arco, o escudo de armas do apelido dos Grãas, representado por uma águia estendida. O altar, privilegiado, tem a imagem de Cristo Crucificado e no Sacrário uma Relíquia do Santo Lenho. Segundo Albano Belino, a pag . 217, de “Archeologia Christã”, no altar desta Capela, na tribuna, está um “primoroso quadro a óleo, representando Cristo na Cruz…”. Esta tela de grande valor pictórico, tem sido muito desejada, a ponto de em tempos, pela menos duas vezes, ter sido tentado o seu roubo. Como dissemos foi fundada esta Capela, por Pedro da Gran que está sepultado em túmulo alto, num arco sólio, metido na parede e com epitáfio relativo ao fundador falecido em 19 de Fevereiro de 1605. Neste túmulo estão também os restos mortais de D. Bernardo, personagem que não conseguimos saber de quem se tratava. Por uma obrigação estatuária da Confraria, no dia 2 de Agosto, organizava-se uma procissão que da Igreja da Cividade ia até à Igreja de São Frutuoso. Em meados do sec. XIX, a freguesia da Cividade tinha trezentos e oitenta fogos (casas) nas quais moravam mil cento e trinta e duas pessoas. Terminamos por aqui as notícias que conseguimos obter desta freguesia que é considerada como a PRIMEIRA que foi fundada na Bracara Augusta. Braga, 26 de Outubro de 2010 LUÍS COSTA Email : luisdiascosta@sapo.pt www . bragamonumental.blogs.sapo.pt Telf. 253 216 602
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