Segunda-feira, 25 de Abril de 2011
Para a alimentação e limpeza aconselha :
LAVA A CABEÇA, VIVIRÁS SÁDIO
COMO COISAS DE FRESCA QUALIDADE,
NA SANGRIA DO FIGADO ME FIO,
POIS É PARA A SAÚDE UTILIDADE:
COMER PÉS DE ANIMAL É DESVARIO,
A CABEÇA TAMBÉM MENOS TE AGRADE;
USA DO FUNCHO, E BEBE DA SUA ÁGUA,
QUE ALEGRA O CORAÇÃO, QUE VIVE EM MÁGUA.
Os Egípcios o chamavam de Pamy. Os Babilónios e Caledeus, de Sivan. Os Hebreus, Haziram. Os Persas, Hydramech. Os Gregos, Atthemisios. Os Atenienses, Scyrophorion. Os Macedónios, Taurus .Os Archivos, Termisios. O Capadoces, Appomenama. Os Bithinios, Hyrachos: Os Cyprios O Bithinios, Hyrachos: Os Cyprios¸Cesartos. Os alemães, Mey. Os Ingleses, Trimich. Os Árabes, Rhamadan.
MAIO
Sobre este mês, o quinto a que chamamos MAIO, era o terceiro na ordem de Rómulo; chamou-se assim, porque Rómulo na Opinião de Fúlvio, repartiu o Povo em duas partes; em homens Maiores e Mancebos, para que estes defendessem a República com armas e aqueles a governassem com conselhos. E memória desta divisão pôs por nome a este mês Maio em veneração dos Maiores e ao seguinte chamou Junho em honra dos mais moços. Outros querem, com Macróbio, que se derivasse de Maya, mulher que foi de Vulcano. Figuravam este mês por um Monarca coroado e com ramos de flores por Ceptro, para dignificar a pompa e fertilidade de Maio.
Quinta-feira, 14 de Abril de 2011
PORTUGAL MÉDICO
OU MONARCHIA MEDICO-LUSITANIA
De posse de um velho e curioso calhamaço, editado em 1725, com os pomposos sub-títulos “Historia Prática, simbólica, ética e Política. Fundada e compreendida no dilatado âmbito dos dois mundos criados Macrocosmo e Microcosmo repartida e demarcada em três amplíssimos reinos animal, vegetal e mineral ( com tal palavriado quem dirá que este velho volume se destinava a aconselhar e a facilitar o receituário dos facultativos de então ?) encontrei entre máximas, conselhos, sonetos e algumas composições de Sá de Miranda, como a primeira, com o destino traçado :
A QUEM LER
Enquanto um joga, outro caça,
Outro dorme, outro trasfega,
Outro murmura na praça,
E co o mal deste se rega,
E co bem destroutro embaça:
Um de si se preza tanto,
Que só, cuida que enche as festas;
Outro suspira e faz pranto,
Co a Natureza entre tanto
Falemos pollas florestas.
E continuando com a sua lenga lenga para justificar, por certo, o excessivo numero de páginas, (763 afora o índice), há que “botar” um desabafo :
“ O que no juízo dos racionais é medicina da enfermidade, na ignorância dos Circum-forâneos é enfermidade da Medicina. Assim como há Ministros da Natureza às direitas, não faltam também Medicastros em tudo avessos à mesma Natureza. Tudo isto vi, tudo isto notei :
“Andei daquem pera além
Terras vi, e vi lugares,
Tudo seus avessos tem .
O autor do calhamaço principia por dizer que tinha começado a assistir aos doentes como Médico, e por toda a parte tinha encontrado mais médicos que doentes, e quase tantas mortes como enfermidades. Tinha visto um inúmero de pessoas que se intitulavam de médicos e eram apenas boticários, barbeiros, sangradores, algebristas (endireitas), alveitares, benzedores e uma infinidade mais de profissionais da aldrabice, em que os inocentes confiavam na cura das suas maleitas.
E para combater todas as crendices, e resultem acertos nas praxes de Médico, oferece então o autor a Monarquia Médico-Lusitana., “Se te agradarem mal, diz, as primeiras páginas, não leias mais nenhuma; porque estou certo, que ainda que a obra se compusesse à força de desvelos, não se lhe hão os erros de encobrir a falta de censura “. E de novo recorre a Sá de Miranda :
“Muitos dos vàos apalpei
Aos trabalhos me dispus
Desde que cuidei, e cuidei
Disse comigo, ora fùs,
Se erros fiz, erros paguei.
Mas este compendio de Medicina do principio do sec. XVIII, não trata só de problemas de saúde. Alonga as suas considerações e conselhos, intermediados com poesia aos mais diversos assuntos, como por exemplo à agricultura e até ao tempo, indo até a dar-nos e a explicar-nos a origem dos nomes das estações do ano e a dos meses a par dos conselhos de como se deve proceder quanto à alimentação nesses períodos, como podem ver pelo exemplo abaixo.
ABRIL – Este mês foi o quarto na ordem de César; e o segundo na conta de Rómulo; chamou-se Abril na melhor opinião, com aspiração Aphril de Aphros vocábulo grego que significa espuma, da qual fabularam os poetas que nascera Vénus e porque Rómulo havia dedicado o mês primeiro do ano a Marte seu pai, que era Março, quis que o mês segundo se derivasse de May de Eneas, que era Vénus, porque haviam sido princípio e origem do Povo Romano; por isso nos sacrifícios chamavam a Marte Pay e a Vénus May. Este mês era figurado por Cupido com uma coroa de Rosas na Cabeça. Os Egpicios o chamaram, Pachou. Os Persas, Ebenmech. Os Atenienses, Targelion. Os Caldeus e Babilónios, Cyar. Os Hebreus, Udar. Os Macedónios, Crios. Os Capadoces, Myetl. Os Bitinios, Dionyfios. Os Alemães, April. Os Árabes, Sahaben.
Nos conselhos para este mês, o “Portugal Médico” de 1725, indica :
“Na comum veia é válida a sangria,
Purga-te, come carne recém morta,
Das raízes na ceia te desvia,
Betónica e hortelã em sumo importa:
Do salgado uza apenas na iguaria ;
Porque a sarna com isto se conforta,
Da Lua é dia último aziago.
Descansa o corpo e foge a tanto estrago.
(Mestre astrólogo)
Muito mais pode ensinar o “PORTUGAL MÉDICO”, mas pela súmula, pode o possível leitor avaliar.
Braga, 14 de Abril de 2011
LUIS COSTA.
Sábado, 9 de Abril de 2011
ABRIL – Este mês foi o quarto na ordem de César; e o segundo na conta de Rómulo; chamou-se Abril na melhor opinião, com aspiração Aphril de Aphros vocábulo grego que significa espuma, da qual fabularam os poetas que nascera Vénus e porque Rómulo havia dedicado o mês primeiro do ano a Marte seu pai, que era Março, quis que o mês segundo se derivasse de May de Eneas, que era Vénus, porque haviam sido princípio e origem do Povo Romano; por isso nos sacrifícios chamavam a Marte Pay e a Vénus May. Este mês era figurado por Cupido com uma coroa de Rosas na Cabeça. Os Egpicios o chamaram, Pachou. Os Persas, Ebenmech. Os Atenienses, Targelion. Os Caldeus e Babilónios, Cyar. Os Hebreus, Udar. Os Macedónios, Crios. Os Capadoces, Myetl. Os Bitinios, Dionyfios. Os Alemães, April. Os Árabes, Sahaben.
Nos conselhos para este mês, o “Portugal Médico” de 1725, indica :
“Na comum veia é válida a sangria,
Purga-te, come carne recém morta,
Das raízes na ceia te desvia,
Betónica e hortelã em sumo importa:
Do salgado uza apenas na iguaria ;
Porque a sarna com isto se conforta,
Da Lua é dia último aziago.
Descansa o corpo e foge a tanto estrago.
(Mestre astrólogo)
ABRIL – Este mês foi o quarto na ordem de César; e o segundo na conta de Rómulo; chamou-se Abril na melhor opinião, com aspiração Aphril de Aphros vocábulo grego que significa espuma, da qual fabularam os poetas que nascera Vénus e porque Rómulo havia dedicado o mês primeiro do ano a Marte seu pai, que era Março, quis que o mês segundo se derivasse de May de Eneas, que era Vénus, porque haviam sido princípio e origem do Povo Romano; por isso nos sacrifícios chamavam a Marte Pay e a Vénus May. Este mês era figurado por Cupido com uma coroa de Rosas na Cabeça. Os Egpicios o chamaram, Pachou. Os Persas, Ebenmech. Os Atenienses, Targelion. Os Caldeus e Babilónios, Cyar. Os Hebreus, Udar. Os Macedónios, Crios. Os Capadoces, Myetl. Os Bitinios, Dionyfios. Os Alemães, April. Os Árabes, Sahaben.
Nos conselhos para este mês, o “Portugal Médico” de 1725, indica :
“Na comum veia é válida a sangria,
Purga-te, come carne recém morta,
Das raízes na ceia te desvia,
Betónica e hortelã em sumo importa:
Do salgado uza apenas na iguaria ;
Porque a sarna com isto se conforta,
Da La é dia último aziago.
Descansa o corpo e foge a tanto estrago.
(Mestre astrólogo)
Sexta-feira, 1 de Abril de 2011
A fon A FONTE DO MUNDO
BAPTIZADA POPULARMENTE COMO
“FONTE DO MUNDO”, ESTEVE NA
NA ANTIGA QUINTA DO GRADE
Para variar, vamos hoje, aproveitando “ A fonte do mundo”, falar um pouco de Mitologia e Lendas Antigas. A Mitologia “é a explicação da Fábula, isto é, da antiga religião dos Gregos e dos Romanos, ou a história suposta das Divindades do Paganismo.
Este nome compõe-se de duas palavras gregas ; Mytos e logos , que significam discurso fabuloso; com efeito não é senão um tecido de fábulas ou ficções que os povos da antiguidade acreditavam como verdades religiosas; e hoje já não servem senão para proporcionar à Poesia, Pintura e Escultura as suas mais belas alegorias, e mais risonhas ficções ; …” ( 1 )
Entrando nos nossos tempos, sabemos que até há poucos anos, na antiga Quinta do Grade, cujo acesso pela rua Conselheiro Januário se fazia por um grande portão, que ficava, mais ou menos, em frente ás escadas para o adro da Igreja de São Vicente, existia uma construção, e já sem a cobertura que deveria ter tido em tempos. Com a orientação Nascente-Poente, tinha do lado nascente um nicho, no qual se via uma escultura monumental, sobre uma taça, onde era lançada água que da boca dessa escultura saía. A água sobrante escorria por uma canalização de pedra a meio da casa, mas à vista, que pela porta poente era lançada para um tanque, espécie de espelho de água, onde sobre-nadavam nenúfares, que por sua vez, por uma boca de saída fazia com que água, não transbordasse, mas sim fosse encaminhada para rega da propriedade.
No interior dessa construção em ruína, podia ver-se uma escada de pedra, partindo da parte cimeira esquerda, que era a entrada para o local, onde um banco, também de pedra, corrido junto as paredes laterais servia para descanso. No terreno que circundava este conjunto, várias e coloridas japoneiras enfeitavam o local que estava encravado num socalco. Serviam não só de enfeite mas também pela sua folhagem davam uma certa frescura ao casarão aliadas ao o elemento água.
Talvez por isto há quem diga que se tratava da CASA DE REFRESCO de Dom José de Bragança. Sabe-se que este príncipe arcebispo, para proporcionar aos seus familiares, pessoas gradas que o visitavam ou em festas, costumava os presentear com um REFRESCO, uma espécie do que hoje chamamos de merenda, mandava vir todos os anos dos Carris, no Gerez, em carros de bois, devidamente protegidos por palha, enormes blocos de gelo e eram guardados, para nos dias calmosos ter uma “geladeira” à mão. Se é verdade ou não, haverá por certo em Braga quem deslinde o segredo.
Como principiou o interesse de salvaguardar a popular FONTE DO MUNDO ? Há anos, foi a direcção da ASPA, alertada pelo falecido sócio Dr. Artur Ferreira, que na quinta das traseiras da sua morada estava lá escondida por muitas silvas, arbustos, japoneiras e ervas um fontanário desconhecido de quase toda a gente. Logo no primeiro sábado a direcção da Aspa, juntamente com o citado sócio e ainda pelo saudoso amigo Tenente Coronel Francisco Ogando se deslocou ao lugar para ver o achado e logo ali o amigo Ogando se prontificou a conseguir junto do quartel militar um grupo de soldados para limpar o que se fez, ponto a descoberto mais um monumento barroco da cidade. Limpo o terreno, depararam-se vários elementos dispersos pertencentes a todo o conjunto.
Logo se tratou de o divulgar e tratou-se de se fazer um estudo da peça. Chegou-se depressa conclusão que tratava da representação do Atlas, e que segundo o investigador, historiador, crítico de arte e professor da Faculdade de Letras, do Porto, o poveiro Dr. Flávio Gonçalves, deveria ter sido esculturado pelo artista bracarense Marceliano de Araújo.
Quando da recente urbanização de Infias, foi o conjunto recolhido, e ainda bem, nos claustros do Convento do Pópulo e depois, colocado na referida urbanização não no seu primitivo lugar mas dentro do seu perímetro, ficando por muito perto, e para lembrança, uma rua com o popular nome. Pena é que os “pinxageiros” não respeitem os monumentos e não só, qualquer parede pintada de novo, é logo sujeitas às borradelas desses inconscientes que até, por vezes, usam obscenidades para manifestarem a sua pouca ou nenhuma arte e educação. Não vale a pena limpar, poucas horas passadas, de novo lá aparecem as borradelas.
Vamos agora voltar mitologia, e à razão de o povo ter baptizado o fontanário como a Fonte do Mundo. Como disse nela está representado o ATLAS, sustendo o Zodíaco sobre a cabeça e as mãos. Era pai das PLÊIADES, irmãs das HÍADES, as transportadoras da chuva. Atlas foi condenado por ZEUS, o pai dos deuses e dos homens e o mais poderoso dos imortais, como castigo pela sua participação na revolta dos TITÃS, os seis filhos e seis filhas de ÚRANO e GE, ficando, pelo Deus dos Deuses, encarregado de suster os céus com a cabeça e as mãos.
E dai veio a crença popular de que a figura do fontanário sustinha às costas o mundo e vai daí a FONTE DO MUNDO.
Braga, l6 de Agosto de 2005
LUIS COSTA
( 1 ) – Manual Encyclopedico para uso das
Escolas d’Instrução Primária – Lisboa
Imprensa Nacional - 1850
te do Mundo