Sábado, 19 de Novembro de 2011

Dezembro

DEZEMBRO Assim chamado por ser o décimo na conta de Rómulo. Os Egípcios chamavam-lhe, Tybi. Os Babilónios e Caldeus Thebor. Os Hebreus, Ronte segundo. Os Persas, Zirmech. Os Macedónios, Torxoris. Os Gregos, Appeleos. Os Aquivos, Isehtis. Os Atenienses, Possidon. Os Bitinios, Dimitrios. Os Ciprios, Romeiros. Os Alemães, Christimanda. Os Ingleses, Bauth. Os Árabes, Rabe segundo. As recomendações para a alimentação neste mês, são as seguintes : Come couves, cebolas e salada, Aves, pomos, por sobremesa peras, Come Capões, cabritos, que me agrada, Raízes, perrexil, usa deveras : O nabo que enterrou cinza apagada Come também ; se a tarde em casa esperas Mostra à carne de vaca rostro esquivo, Da lua o dia último é nocivo. E assim chegamos ao último mês do ANO , esperando que os conselhos médicos dados para a alimentação tenham dado proveito. Portugal Médico ou Monarquia Médico-Lusitana- Coimbra 1726
publicado por Varziano às 18:35
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Quinta-feira, 17 de Novembro de 2011

conto de naTAL

CONTO DE NATAL A PRENDA DO MENINO JESUS Carta para o “ Meu Menino Jesus Não te peço prendas. Não te peço doces. Peço-te só me leves a ver o meu pai e a minha mãezinha que levaste para o Céu. Nelito Pequenito, seis anos ladinos, órfão desde muito cedo, sem pai nem mãe como os colegas, sem outra ambição que não os carinhos maternos, o Natal para ele era uma má época que lhe deixava um “nó na garganta”. As guloseimas que a avó lhe fazia, as prendas que traziam não chegava para encher o vazio que tão novinho já sentia. E carta ao Menino Jesus era a esperança de que, talvez, nesse ano teria a satisfação de ver os seus pais. Não compreendia porque o Jesus os tinha levado para o Céu, como a sua avó, velhinha de muitos anos, lhe dizia. Quando lhe disseram “Escreve ao Menino Jesus” e pede o que quiseres, o que mais ambicionava era ver e conhecer o seu pai e a sua mãe, que ele nem chegara a conhecer. Na sua desajeitada letrinha, e com a ajuda dos irmãos mais velhos – eram três – que lhe escreveram a missiva copiou-a e que dirigiu, julgava ele, para o Deus Menino, no Céu. E a Santa Noite chegou. A alegria em todas as almas se repercutia nas ruelas daquela pequena aldeia. Nesse dia, o Menino Jesus desceria pela chaminé da lareira e iria colocar, conforme os pedidos, nos pequenos tamancos dos mais pobres ou nos sapatos dos remediados ou ricos, as prendas desejadas. Mas a prenda do Nélito, era diferente, ele tinha esperança que seria diferente da do ano anterior – umas meias grossas de lã contra o frio. Esperava que pela enfarruscada chaminé o Menino Jesus, pequenito como ele, lhe trouxesse, ao menos só para os abraçar e beijar, os seus paisinhos. Era a melhor prenda de Natal que desejava, e estava certo, que seria atendido. Soou a meia-noite, estalejavam os foguetes anunciando o Nascimento do Deus Menino e o Nélito sempre à espreita pela frincha da porta da cozinha. Horas ali esteve, quantas nem ele sabia; muitas lhe pareceram . . . O cansaço principiou e o sono apareceu de repente. Fechou os olhos e adormeceu… ------------------ “Viu então dois anjos, que faziam séquito ao Menino de Jesus, abeiraram-se dele e suavemente lhe disseram: o Menino Jesus vai atender-te, e encarregou-nos de te levar até ao Céu, até junto dos teus pais ; vais abraçá-los e beijá-los e eles te encherão de prendas que são os beijos que te darão. Valeu a pena a tua carta. Eles estão muito contentes contigo. Vêem sempre mas não podem abraçar-te e, do Céu, todos os dias te acompanham. Vais ver como se alegrarão por te poderem estar contigo. Irás connosco, levar-te-emos nos braços, voarás pelas nossas asas e, no Céu, encontrarás os teus pais ! :- Tenho frio. Anjinhos ! Muito frio ! :- Nós te protegeremos. Sairás pela chaminé e lá fora a quentura das nossas asas te agasalharão. Pelo espaço até ao Céu, nosso calor te protegerá. A chaminé era estreita mas os anjos a alargaram e o Nélito nas asas dos anjos, voou até ao Céu. A mãezinha lá estava ao lado do seu pai e o Menino Jesus, sorridente, perguntou-lhe : :- Estás contente, Nélito ? Era esta a prenda que tu mais querias ? Beija-os e abraça-os e vê como estão felizes por te verem ! O Nélito dava saltos de contente; saltava do colo de um para o outro ! Tinha, finalmente, como os mais meninos na Noite de Natal, os seus pais. Melhor que os doces, melhor que as bonecas da Zeza, sua prima, melhor que o comboio eléctrico do Tone, melhor que tudo, ele tinha, ao seu lado, os pais… ------------------ Aflita, a avó, que julgava o Nélito, na cama a dormir a sono solto, não o encontrando procura-o por toda a casa e vai encontrá-lo junto da lareira a dormir. Suavemente pega nele ao colo. E o Nélito acorda e muito contente exclama, numa voz acalorada : :- Eu vi-os! O Menino Jesus, deu-me a prenda de estar nesta noite com a minha mãe e o meu pai ! Eu vi-os e beijei-os, e abracei-os ! E tinha sido um sonho lindo, naquela frígida NOITE DE NATAL. NATAL de 2011 LUÍS COSTA.
publicado por Varziano às 17:14
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Quinta-feira, 10 de Novembro de 2011

Coutos de Braga

OS COUTOS NO ÍNICIO O SEC.XVIII SUJEITOS À IGREJA DE BRAGA - 2 – Continuando e para terminar e relação dos Coutos sujeitos à Igreja bracarense, indicaremos os restantes cinco que não mencionamos no anterior artigo. Assim : COUTO DE ARENTIM :- No julgado de Vermuim, termo da vila de Barcelos, tem seu sítio o Couto de Arentim, que é uma Paróquia da invocação do Salvador, Vigairaria do Arcediago de Braga, que rende quarenta mil reis e para o Arcediago cento e dez mil reis: tem sessenta vizinhos com um Capitão. É Couto do Cabido com Juiz ordinário, dois vereadores e Procurador do Concelho em tudo como o de Cambezes: produz excelente peras de pendura. COUTO DE CAMBEZES:- Entre as terras de Barcelos, tem seu assento este Couto, de que é senhor o Cabido da Sé de Braga, que faz nele Juiz ordinário com dois Vereadores e Procurador do Concelho por pelouro,e eleição trienal do povo, a que vem presidir um Cónego, que o Cabido elege: serve, também nos Órfãos e dele apelam para o Cabido, que apresenta Escrivão, que é também do Judicial e Notas. Tem Alcaide mór, que leva os quartos dos frutos das terras: consta de cento e oitenta vizinhos, com uma Paróquia da invocação de Santiago, Vigairaria que apresenta o Fabriqueiro da Sé, que rende sessenta mil reis e para o Cabido setenta e cinco mil reis ; é abundante de centeio, milho, linho galego, frutas e bastante vinho. COUTO DE CABAÇOS :- No termo do Concelho de Albergaria de Penela tem seu assento o Couto de Cabaços, de que é Senhor o Arcebispo de Braga. Tem Juiz ordinário que também serve nos Órfãos, um Vereador e um Procurador, eleição trienal do povo por pelouro a que preside o Ouvidor de Braga, um Escrivão, que serve em tudo, data do Arcebispo, um Meirinho e também um Porteiro : tem cento e trinta vizinhos com uma Paroquia sob a invocação de S. Miguel, Reitoria do Cabido de Braga, que rende cento e cinquenta mil reis, e para o Cabido trezentos mil reis, com a anexa de Fojo Lobal. COUTO DA FEITOSA:- Entre o Concelho de Souto de Rebordãos e Ponte de Lima está situado o Couto da Feitosa, de que é Senhor no espiritual e temporal o Arcebispo de Braga : tem grandes privilégios, que por nenhum crime entra nele outra Justiça, senão a de Braga em correição. Chamou-se antigamente de Domes, nome, que só hoje conserva em uma grande e boa veiga que tem. Assistem ao seu governo civil um Juiz ordinário Cível e Crime e Órfãos, dois Vereadores e Procurador do Concelho feitos por Pelouro eleição trienal do povo a que preside o Ouvidor de Braga, um Escrivão, que serve em tudo, e nos Coutos da Cabaços e Capareiros, e pelas muitas escrituras, que faz, lhe rende cem mil reis, é data dos Arcebispos. Tem sessenta vizinhos , e uma Paróquia de invocação de S. Salvador, Vigairaria anexa ao Priorado de Ponte de Lima, que o apresenta, a qual rende cinquenta mil reis e para o Prior cem mil reis recolhe bastante pão, vinho, feijão, linho, gados, lenhas, alguma pesca no Trovela e pouca caça. COUTO DA PULHA:- Entre as terras de Barcelos está o Couto da Pulha, nome, que entendemos, lhe puseram os Romanos, quando habitaram esta terra, em memória da sua Apúlia. Tem uma igreja Paroquial da invocação de S. Miguel, Reitoria que apresentam o Arcebispo e Cabido : rende-lhe trezentos mil reis com a terça parte dos dízimos, que leva e as outras duas com os quintos e quartos seiscentos e cinquenta mil reis para o Arcebispo e Cónegos. Governa-se por um Juiz ordinário, que também o é dos Órfãos, com dois Vereadores, Procurador e Meirinho, que serve de Porteiro, eleição trienal do povo por pelouro, a que preside o Ouvidor do Arcebispo senhor dele: tem um Escrivão que serve em tudo, data dos Arcebispos. Produz todo o género de pão, cevada e boas caças e é falta de lenha. Por aqui vão vestígios de uma vala, que dizem era um esteiro, que entrava no mar, pelo qual se conduzia em barcos aos navios o ouro que das minas da terra se tirava. Tem uma Companhia anexa às dos mais Coutos e consta de cento e cinquenta vizinhos.” E assim terminamos a descrição dos oito Coutos, que no início do século XVIII, estavam sujeitos à Arquidiocese Bracarense. Braga, 10 de Novembro de 2011 LUIS COSTA
publicado por Varziano às 16:39
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Coutos sujeitos à Sé de Braga

OS COUTOS NO INÍCIO DO SÉCULO XVIII SUJEITOS À IGREJA BRACARENSE Segundo a Corografia Portuguesa, de António Carvalho da Costa, no início do século XVIII, oito coutos estavam sujeitos à Igreja Bracarense, sendo que seis dependiam do Arcebispado, e os dois restantes, um era do Cabido da Sé Primaz e o outro do Arcediago. Uns, como já referi há tempos, estão hoje integrados como freguesias do concelho de Braga, mas outros mais distantes, passaram a estar incluídos em concelhos limítrofes. Para ficarmos com o conhecimento detalhado de todos estes coutos, vamos a fazer a transcrição do que vem exarado a pag, 164 e seguintes do 1º Tomo, da referida Corografia. “COUTO DE PEDRALVA – Entre os termos de Braga, Guimarães e Lanhoso, está êste Couto, de que é Senhor o Arcebispo : deu-o ElRei Dom Sancho o Segundo ao Arcebispo Dom Silvestre Godinho, compondo-se com ele sobre os excessos cometidos contra as Igrejas ; fez-se a escritura, e contrato estando ElRei em Guimarães no ano de 1238. Serve de coutada dos Primazes com guardas que a vigiam. Tem Juiz ordinário do Cível, e Crime, com dois vereadores, e Procurador, eleição trienal do povo, a que preside o Ouvidor de Braga, um Escrivão dos Coutos, que serve em tudo, data do Arcebispo, e Meirinho anual feito pela Câmara, que serve de Porteiro. Recolhe pão, vinho, muita caça, gados e laticínios. Consta este couto de Freguesia e meia, e são as seguintes: São Salvador de Pedralva, Vigairaria anexa a São Pedro Deste, tem oitenta vizinhos. Santa Maria de Sobreposta, Abadia da Mitra, que rende cento e cinquenta mil reis, tem cinquenta vizinhos, trinta são deste Couto, e vinte do julgado da Lagiosa, de que daremos conta no fim do Concelho de Lanhoso: mas no espiritual se uniu a esta a sua Paróquia de São Tomé de Lagiosa, hoje extinguida. COUTO DE CAPAREIROS – A paróquia deste Couto é S, Paio de Capareiros, que foi mosteiro, mas não sabemos de que ordem, nem se foi de frades ou freiras, do qual deu o seu quinhão à Sé de Braga, Paio Pais, no ano de 1126, reinando a nossa primeira, Rainha Dona Teresa, sendo já viúva, e sendo Arcebispo Dom Paio, que confirma com outros nesta escritura. Depois, ou antes, teriam outros feito a mesma doação de mais quinhões, com que se fez a Abadia dos Arcebispos, senhores deste Couto, que está no meio das terras de Barcelos, e tem Juiz Ordinário, que também é dos Órfãos, feito por eleição trienal do povo, e pelouro, com um Vereador, Procurador do Concelho, e Meirinho que serve de Porteiro, a que preside o Ouvidor do Arcebispo, que lhes passa carta, um Escrivão, que serve em tudo, data do Arcebispo. Todas as quartas feiras tem feira franca de gados de Barroselas. Há aqui vestígios de minerais, aonde chamam as Lagoas dos Medros, e nelas as melhores sanguessugas para doentes, de quantas há nestas partes. Só a freguesia é Couto, e toda renderá duzentos e quarenta mil reis, leva o Abade a terça, que com passais e pé de Altar, lhe importará cento e cinquenta mil reis, o mais é do Arcebispo: tem cento e cinquenta vizinhos. COUTO DE MOURE :- Entre os concelhos de Prado, Larim e Vila Chã, tem assento o Couto de Moure , de que é Senhor o Arcebispo Primaz por doação do Conde Dom Henrique e da Rainha Dona Teresa ao Arcebispo São Geraldo e lhe fez outra no tempo de Nuno Soares de certa herdado que tinha. Os moradores dele por serem isentos de jurisdição real e de irem à guerra, salvo com os Arcebispos, eram obrigados de foro todos os lavradores (que os nobres não) a cavar-lhe a vinha, que tinha em Braga a qual mandou cortar o Arcebispo Dom Diogo de Sousa, para fazer o formoso Campo da Vinha. Compôs-se então com eles por si e seus sucessores, que em satisfação destas jeiras lhe daria cada um quatro almudes de vinho todos os anos, e então orçava pouca quantidade ; porque nele não viviam vinte homens : mas por tempo se povoou de sorte, que hoje passam de vinte e cinco pipas. Há aqui no lugar de Santo André, uma torre antiga com grande quinta, que Dom Egas Paes de Penegate tinha, e a deu ao Arcebispo São Geraldo, para sua recreação depois do misterioso sucesso, que com ele teve em Guimarães : e como não sabemos : mas passou à família dos Soares senhores de Prado, e alguns querem seja seu solar, e por descendente seu a logra hoje Luís Gonçalves Coutinho da Câmara. Tão isenta é, e catorze caseiros que tem, que gozam dos memos privilégios dos mais, não pagam aquele foro ao arcebispo ; e ainda da primícia só metade. É tradição tomou este nome de um grande Castelo dos Mouros, que esteve no alto do Monte Brito, aonde chamam Castelo dos Mouros, e outros de Barbudo com quem parte, do qual se vêem vestígios de cisterna, e muitas ruínas continuadas e muralha de quatro ou cinco palmos de altura , a pedra que falta divertiu-se para várias partes, particularmente para a Ponte de Prado há menos de duzentos anos. É este Couto muito abundante de pão e vinho de enforcado, feijão, castanha, azeite, gados , caças ordinárias e pouca pesca no regato. Assistem ao seu governo civil um Juiz Ordinário, Vereadores e Procurador feito por Pelouros e eleição trienal do povo a que preside o Ouvidor de Braga, donde também por distribuição anual, vem um Escrivão escrever as causas e processos do Couto, o que lhe renderá vinte mil reis. Compõe-se o termo das duas freguesias seguintes, que formam uma Companhia : São Martinho de Moure -, Vigairaria do Arcebispo, que rende oitenta mil reis e para a Cama ra Arcebispal duzentos e vinte mil reis: tem cem vizinhos, No Monte Brito ou do Castelo em um recôncavo entre o Meio dia e Poente fundou São Martinho de Dume um Mosteiro de São Bento, pelos anos de 565, com orago de Santo Antão, ou Antoninho, como dizem outros: e logo neste pricípio deram os Monges mostra de tão grande mostras de sua virtude, tendo Lausperene, que todos se lhe afeiçoaram e o enriqueceram. Um sacerdote chamado Vasco Mendes lhes deu este ano uma grande quinta, que fora dos Bispos de Santiago e o sítio de S. Vitouro de Braga, ali vizinho, para nele obrarem ou outro, que fizeram, e teve religiosos súbditos, com Priorado seu. Com a invasão dos Mouros correu a mesma fortuna que os mais; mas tornando-se a restaurar Espanha, habitou-a algum particular até que um Clérigo de nome Nuno Forjaz por devoção, ou escrúpulo tendo-se reedificado em quatro de Dezembro do ano de 1031, o restitui ao Abade Bento, Dom Soeiro e a outro Monges, ficando ele e os seus sucessores Padroeiro:, teve cinco Abades, que o acrescentaram muito com doações, que devotos lhe fizeram, entre elas doze marinhas de sal nas povoações de Darque maior e menor de fronte de Viana. No fim de sessenta e cinco anos, que esteve deste modo com Lausperene de noite e quase todo o dia, sendo dele Padroeiro Nuno Soares, o deu São Geraldo, Arcebispo Primaz, confirmaram-lhe nossos Príncipes e ElRei Dom Afonso Henriques o fez Couto do Arcebispo Dom Paio Mendes, irmão de Dom Soares Mendes da Maia, no que não há dúvida, inda que o Conde Dom Pedro lhe não nomeia. É tradição que nenhum Monge ali tomou o hábito que o deixasse, nem morreu sem claros indícios da sua salvação,; conserva-se ainda uma capelinha e uma torre semelhante, que serviu de sinos, com uma imagem de Santo Antão, a que muitos chamam Santo Antoninho e o vulgo Antoinho, pela qual obra Deus muito milagres, Nas terras se descobrem a cada passo colunas e outras pedras daquela antiga e grande fábrica. Nesta fazenda feita quinta, a que também chamam Vitorinho, entraram os Brandões do Porto, e hoje a possue Dona Filipa Brandão, viúva do Doutor João de Carvalho, Corregedor do Crime naquela Relação. São Julião da Lage -, Abadia do Ordinário, que rende trezentos mil reis, tem cento e dez vizinhos.” Porque este já vai longo e não podemos abusar da benevolência do Diário do Minho, deixaremos para nova oportunidade o relato dos restantes cinco Coutos. Braga, 1 de Novembro de 2011 LUÍS COSTA
publicado por Varziano às 16:35
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Couto de Tibães

C O U T O S “Couto”: terra coutada, defesa, privilegiada; terra que não pagava impostos por pertencer a um nobre ou instituição. C O U T O D E T I B Ã E S Uma resenha Baseando-me na Corografia Portuguesa, de António Carvalho da Costa, editada em 1701, vou transcrever a resenha que este faz sobre o Couto de Tibães. Assim principia pelas suas recuadas origens nos primeiros séculos do cristianismo, instalado nesta parte da Ibéria e até ao início do século XVIII. “No tempo, que Braga era Corte dos Reis Suevos, e reinava Teodomiro, tendo por seu Capelão-Mor a São Martinho, Bispo de Dume, o incitou o Santo a que fundasse Mosteiro de Tibães de Monges Bentos, três quartos de légua da cidade de Braga para o poente ao pé da serra de S. Gens, nome que tomou de uma ermida antiga, que está no alto dela, da invocação deste Santo Representante, famoso Mártir Romano e entendemos ser edificada quando aquela nação nos dominava: fundou El-rei o Convento no ano de 562, como consta de uma pedra que nele se achou em nossos tempos, reedificando-se de novo e o dedicou a S. Martinho de Turon. Sucedeu a Teodomiro na Monarquia dos Suevos El-rei Miro, que ornou este Convento com uma grande mata de árvores que não perdiam a folha e para este efeito as conduziu do Alentejo. Presume-se eram sobreiros de que hoje é bem provida toda aquela ribeira, de uma e outra parte do Cávado. E que este Mosteiro estivesse em ser e com Frades ainda pelos anos de 1070 e tantos, consta de uma doação que de ametade dele fez a Sé de Tui a Infanta Dona Urraca, filha de El-rei Dom Afonso o VI chamando a este Convento Palatino e como por tempos devia arruinar-se, o reedificou pelos anos de 1080. Dom Paio Guterres da Silva, sendo Rico homem e Adiantado deste Reino por El-rei Dom Afonso VI de Castela, por cuja causa entendemos vivia em Braga, centro desta Província, e por detrás do Monte de S. Gens fez uma quinta, a que deu o nome de Silva Má, donde ia assistir à fábrica do Mosteiro e em forma o ampliou, que muitos o tiveram por fundador e nele está sepultado. E que como o sangue o herdou o zelo do pai seu filho Dom Pedro Pais Escacha, devia largar ao Mosteiro algumas terras que ai tinha, de que lhe fizeram Couto Conde Dom Henrique e a Rainha Dona Teresa em 24 de Março de 1110, dizendo que o faziam por amor de Deus e de Pedro Pais e Paio Pais, filhos de Dom Paio Guterres da Silva, que sempre nos serviu com grande satisfação; e em 26 de Fevereiro de 1135, sendo ainda Infante o nosso Rei Dom Afonso Henriques, lhe coutou o lugar de Donim junto ao rio Ave, entre Braga e Guimarães. Teve este Mosteiro desde o ano de 1086, dezasseis ou dezassete Abades perpétuos, sendo o primeiro Dom Paio e o último Dom Gonçalo pelos anos de 1489, que entrou por Abade Comendatário o Cardeal Dom Jorge da Costa, Arcebispo de Braga. Acabaram-se estes no último Comendatário Dom Bernardo da Cruz, Frade de São Domingos, Bispo de São Tomé, e Esmoler-mor del-Rei Dom João o terceiro, que faleceu no dia de Páscoa de 1565, em que entrou a reforma de Abades e foi o primeiro por dez anos, por nomeação do Cardeal Dom Henrique, o Padre Frei Pedro de Chaves, a quem vieram as Bulas Apostólicas em 22 de Julho de 1569, sendo-o entretanto o Padre Frei Plácido. Foi Frei Pedro Dom Abade de Tibães, Reformador e Geral da Ordem de que fizeram Cabeça a este Convento. No fim de dez anos o tornaram a eleger por um triénio, e foi o primeiro Abade trienal; sucedeu-lhe Frei Plácido de Villalobos, o qual mandou frades para o Brasil que fundaram lá aquela Província de Bentos. Este é o principio deste couto e deste Convento de que são senhores os Frades e o Geral Ouvidor; faz o povo com ele eleição de três em três anos, por pelouro, de dois Juízes ordinários do Cível e Crime para cada ano; escolhe o Geral, um, que também serve nos Órfãos e Câmara, dois vereadores que demais são Almotaceis, Meirinho, que faz o Geral, dois Tabeliains do Judicial e Notas; a um anda anexo o dos Órfãos e Câmara e ao outro o das Sisas, Distribuidor, Enquerecedor e Contador¸ todos data de El-Rei. É terra fria, recolhe pouco pão, vinho, muita fruta, algum azeite, caça, muitos gados e quantidade de lenha e pescas no Cávado. Tem uma Companhia e o Geral é Capitão-mor; compõe-se o termo das Freguesias seguintes: S. Martinho de Tibães, Mosteiro e Cabeça da Ordem de São Bento em Portugal, de que é Geral o Abade desta casa; rende quatro mil e quinhentos cruzados com sabidos e anexas, apresenta Cura secular, tem trinta e cinco vizinhos. É formoso Templo com maravilhoso retábulo e o primeiro que na Província se inventou; tem grandes e aprazíveis claustros com muitas fontes, assim nos corredores altos como nos pátios baixos; dilatada cerca com bons pomares, olivais e matas; há neste Convento uma relíquia de São Bento e nele estão sepultados muitos varões de exemplar virtude. Nossa senhora da Graça, que antigamente se chamou a Igreja de Padim, Abadia da Mitra, rende com a Pousa sua anexa em Barcelos, duzentos e cinquenta mil reis, tem cento e vinte vizinhos. Santa Maria de Mire, Curado do Convento de Tibães, tem cento e vinte e cinco vizinhos. Aqui teve El-rei Teodomiro um Paço, e quinta de recreação, que deu o nome à freguesia. S. Paio de Parada, Vigairaria anexa a uma Conezia de Braga, rende trinta e cinco mil reis e para o Cónego oitenta mil reis, tem trinta vizinhos. S. Paio da Ponte, Vigairaria anexa a outra Conezia, renderá sessenta mil reis e para o Cónego cento e dez mil reis, tem cinquenta vizinhos. S. Pedro de Merelim, a quem o Livro da Ordem de Cristo chama Merim, foi Mosteiro de Frades Bentos e depois de extinguido, apresentação de Tibães a quam ainda conhece com certo foro; passou a Comenda de Cristo e é Reitoria da Mitra, rende cem mil reis, e para o Comendador mais de mil cruzados: tem cento e dez vizinhos. Obs: O relato acima diz respeito ao princípio do sec. XVIII (a partir de 1701, data do lº Tomo da Corografia Portuguesa, do Padre Carvalho da Costa). Quando se fez a segunda edição desta obra, foi coordenada segundo o Mapa Geral Estatístico das Côngruas, etc. relacionado com o ano económico de 1864/65. Nesta actualização, as freguesias do Couto, mereceram actualizações. Assim : A freguesia Nossa Senhora da Graça é indicada como PADIM DA GRAÇA, com orago Santo Adrião, com 166 fogos; Santa Maria de Mire é apontada como MIRE DE TIBÃES, com orago Santa Maria, com 145 fogo; São Paio de Parada, simplesmente PARADA, orago São Paio, com 55 fogos; São Paio da Ponte, e substituido o nome por MERELIM SÃO PAIO, orago São Paio. Tinha 232 fogos; Finalmente S. Pedro de Merelim aparece como MERELIM SÃO PEDRO, orago S. Pedro. O número de fogos desta freguesia era de 210. Braga, 12 de Fevereiro de 2011 LUÍS COSTA
publicado por Varziano às 16:31
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